ALCINO LEITE NETO
Folha de SP 29/03/07
A barbárie brasileira
UM DOS constrangimentos a que o brasileiro é submetido atualmente no exterior consiste em tentar explicar o estado da violência no país. Você entra no táxi e, conversa vai, conversa vem, o motorista indaga: "O Brasil é muito perigoso, não é?". Você está em um jantar, cercado de executivos, e, de repente, um deles lhe pergunta: "Como fazem os brasileiros para viverem em meio a tanta violência?".
As TVs e a imprensa também adoram as notícias da barbárie brasileira. A prestigiosa revista "Vanity Fair", em seu número de abril, que já está nas bancas nos EUA, publica uma reportagem de 11 páginas sobre o PCC e o crime em São Paulo. A matéria mereceu até mesmo uma chamada de capa, que diz: "Como uma gangue de prisioneiros tomou conta de uma cidade de 20 milhões de habitantes".
Dentro, o título da reportagem é "Cidade do Medo", e o texto descreve meticulosamente os ataques do PCC em São Paulo no ano passado, explica como surgiu a organização criminosa, descreve como a pobreza é vasta e alienante no país e como o Estado se revela fraco diante do crime.
Durante décadas, o Brasil representou, aos olhos estrangeiros, um país alegre, musical e até utópico.
Esse Brasil já não existe mais. A fantasia do país idílico e feliz deu lugar à imagem de uma terra violenta, criminal, corrupta e à beira do desgoverno. A nova imagem que os estrangeiros fazem do Brasil está obviamente mais próxima de nossa realidade social. É também mais condizente com o modo como os próprios brasileiros agora representam o país para si mesmos, entre o cinismo e a má consciência.
Desde tempos coloniais, o Brasil foi marcado por uma multidão de utopias -de políticas a antropológicas, de culturais a religiosas. Todas elas foram contrariadas, uma a uma, demonstrando que nossa imaginação era muito mais fértil do que nossa vontade política.
Hoje, esvaziados de utopias, decepcionados com a realidade adversa, desconfiados dos ideais políticos, os brasileiros também já não se interessam por nada que possa levá-los coletivamente a construir uma civilização forte e respeitável.
Aqui e agora, todo ideal soa hipócrita ou ridículo. Todo discurso parece inócuo ou oportunista. Ninguém confia em mais ninguém. As instituições públicas estão desacreditadas. As elites políticas, econômicas e sociais servem mais como contra-exemplos do que como modelos. A vulgaridade se dissemina por todas as classes. O arrivismo virou regra social. A inteligência mergulha na desrazão. O trabalho perdeu a dignidade. As ruas são perigosas. As casas estão ameaçadas.
A vida foi rebaixada ao seu estado mais rudimentar: o medo permanente.
É isto um país? É isto um povo?
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ALCINO LEITE NETO é editor de Moda
30/03/2007
22/03/2007
Novo cálculo faz valor do PIB de 2005 ser 10,9% maior, indica o IBGE
21/03/2007 - 10h50
Novo cálculo faz valor do PIB de 2005 ser 10,9% maior, indica o IBGE
Da Redação
Em São Paulo
Após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) adotar mudanças na metodologia do cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), as taxas de crescimento da economia referentes aos anos de 2000 a 2005 foram revistas e modificadas em relação ao anteriormente divulgado.
O PIB de 2005, por exemplo, cuja expansão foi de 2,3% conforme a metodologia antiga, passou a ter uma taxa de crescimento de 2,9% e somou R$ 2,148 trilhões, com alta de 10,9% ante o valor estimado na série antiga (R$ 1,937 trilhão).
Para 2004, quando a economia crescera 4,9%, a variação de crescimento foi modificada para 5,7% (de R$ 1,767 trilhão para R$ 1,941 trilhão, alta de 9,9%).
No ano de 2003, a taxa de crescimento passou de 0,5% para 1,1%, com o valor alterado de R$ R$ 1,556 trilhão para R$ 1,7 trilhão, alta de 9,2%.
Em 2002, o PIB sob a nova metodologia cresceu 2,7%, em vez do 1,9% como havia sido divulgado sob a metodologia antiga. Os valores do PIB passaram de R$ 1,346 trilhão para R$ 1,478 trilhão, na nova, avanço de 9,8%.
Para 2001, o PIB apresentou alta de 1,3%, o mesmo percentual calculado pelo método anterior. No entanto, em valores absolutos, o PIB daquele ano passou de R$ 1,199 trilhão para R$ 1,302 trilhão no cálculo atual, ou 8,6% maior.
Já a taxa de crescimento de 2000, antes em 4,4%, foi a única que recuo na série pesquisada, para 4,3% agora. Apesar disso, o valor corrente do PIB naquele ano foi recalculado para R$ 1,179 trilhão, com incremento de 7,1%, em relação ao valor anterior (R$ 1,101 trilhão).
Os dados de 2000 a 2003 são definitivos. No caso de 2004, o PIB ainda passará por uma revisão, enquanto o de 2005 sofrerá mais revisões. A nova taxa de crescimento do PIB de 2006 será conhecida somente na quarta-feira da próxima semana, dia 28. Pela metodologia antiga, o PIB do ano passado cresceu 2,9%.
As modificações no cálculo do PIB afetam especialmente o setor de serviços, como administração pública, serviços financeiros, serviços de informação e aluguéis.
O novo método trabalha com mais fontes de informação e leva em consideração 110 produtos (antes eram 80) e 56 atividades econômicas (contra 43 da metodologia passada). Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, isso permite fazer um cálculo mais preciso.
O novo método para contabilizar o desempenho da economia brasileira passou ainda a utilizar como fontes de dados as pesquisas anuais setoriais da Indústria, Comércio e Construção Civil do IBGE e as receitas declaradas das empresas à Receita Federal.
As mudanças de metodologia tiveram como base o ano 2000, mas o IBGE refez a série do PIB de 1995 a 1999 a partir desta base e incorporou as alterações.
Mudanças afetam contas do governo
As atividades do governo e do setor financeiro foram as mais sujeitas a mudanças no cálculo da nova série do PIB, segundo o IBGE. O consumo do governo, que antes contabilizava apenas o consumo intermediário (gastos de custeio) e as remunerações dos funcionários públicos, passa a contar com o consumo de capital fixo do setor, como prédios, máquinas e computadores.
Dessa forma, o valor total da produção do governo ficará maior em valores correntes, de acordo com o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto
Novo cálculo faz valor do PIB de 2005 ser 10,9% maior, indica o IBGE
Da Redação
Em São Paulo
Após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) adotar mudanças na metodologia do cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), as taxas de crescimento da economia referentes aos anos de 2000 a 2005 foram revistas e modificadas em relação ao anteriormente divulgado.
O PIB de 2005, por exemplo, cuja expansão foi de 2,3% conforme a metodologia antiga, passou a ter uma taxa de crescimento de 2,9% e somou R$ 2,148 trilhões, com alta de 10,9% ante o valor estimado na série antiga (R$ 1,937 trilhão).
Para 2004, quando a economia crescera 4,9%, a variação de crescimento foi modificada para 5,7% (de R$ 1,767 trilhão para R$ 1,941 trilhão, alta de 9,9%).
No ano de 2003, a taxa de crescimento passou de 0,5% para 1,1%, com o valor alterado de R$ R$ 1,556 trilhão para R$ 1,7 trilhão, alta de 9,2%.
Em 2002, o PIB sob a nova metodologia cresceu 2,7%, em vez do 1,9% como havia sido divulgado sob a metodologia antiga. Os valores do PIB passaram de R$ 1,346 trilhão para R$ 1,478 trilhão, na nova, avanço de 9,8%.
Para 2001, o PIB apresentou alta de 1,3%, o mesmo percentual calculado pelo método anterior. No entanto, em valores absolutos, o PIB daquele ano passou de R$ 1,199 trilhão para R$ 1,302 trilhão no cálculo atual, ou 8,6% maior.
Já a taxa de crescimento de 2000, antes em 4,4%, foi a única que recuo na série pesquisada, para 4,3% agora. Apesar disso, o valor corrente do PIB naquele ano foi recalculado para R$ 1,179 trilhão, com incremento de 7,1%, em relação ao valor anterior (R$ 1,101 trilhão).
Os dados de 2000 a 2003 são definitivos. No caso de 2004, o PIB ainda passará por uma revisão, enquanto o de 2005 sofrerá mais revisões. A nova taxa de crescimento do PIB de 2006 será conhecida somente na quarta-feira da próxima semana, dia 28. Pela metodologia antiga, o PIB do ano passado cresceu 2,9%.
As modificações no cálculo do PIB afetam especialmente o setor de serviços, como administração pública, serviços financeiros, serviços de informação e aluguéis.
O novo método trabalha com mais fontes de informação e leva em consideração 110 produtos (antes eram 80) e 56 atividades econômicas (contra 43 da metodologia passada). Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, isso permite fazer um cálculo mais preciso.
O novo método para contabilizar o desempenho da economia brasileira passou ainda a utilizar como fontes de dados as pesquisas anuais setoriais da Indústria, Comércio e Construção Civil do IBGE e as receitas declaradas das empresas à Receita Federal.
As mudanças de metodologia tiveram como base o ano 2000, mas o IBGE refez a série do PIB de 1995 a 1999 a partir desta base e incorporou as alterações.
Mudanças afetam contas do governo
As atividades do governo e do setor financeiro foram as mais sujeitas a mudanças no cálculo da nova série do PIB, segundo o IBGE. O consumo do governo, que antes contabilizava apenas o consumo intermediário (gastos de custeio) e as remunerações dos funcionários públicos, passa a contar com o consumo de capital fixo do setor, como prédios, máquinas e computadores.
Dessa forma, o valor total da produção do governo ficará maior em valores correntes, de acordo com o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto
10/03/2007
A ilusão antiamericana
O Globo
Assunto: Opinião
Título: 1n A ilusão antiamericana/Opinião
Data: 08/03/2007
Crédito: Demétrio Magnoli, sociólogo e doutor em geografia humana pela USP
Demétrio Magnoli, sociólogo e doutor em geografia humana pela USP
Dias antes da chegada de George Bush ao Brasil, em diálogo telefônico,
Fidel Castro e Hugo Chávez qualificaram o etanol como uma "tragédia",
argumentando que converter culturas agrícolas em biocombustíveis
equivale a provocar escassez de alimentos e de água. "Os EUA precisam
reduzir o consumo de energia, essa é a solução", pontificou o
presidente venezuelano. O retrato dos EUA como um ogro devastador
assume formas mutáveis, mas sempre adaptadas às circunstâncias. Ontem,
a acusação versava sobre o vício americano em petróleo. Hoje, sobre um
plano maléfico para disseminar a fome.
A visita de Bush desperta atenções inauditas, por óbvias razões
geopolíticas. Há mais que isso, contudo. Enquanto Lula assina os
protocolos de cooperação com aquele que Chávez qualifica como
"demônio", bonecos de Bush são queimados na rua por militantes do PT,
da CUT e da UNE. A tensão dilacerante opera numa camada profunda da
política, que se confunde com a cultura. A parceria entre Lula e Bush
está golpeando o tronco do antiamericanismo, sobre o qual se ergue a
copa da esquerda latino-americana.
Alain Rouquié qualificou a América Latina como o "Extremo Ocidente". A
conquista européia semeou, nesta parte do mundo, sociedades
"inferidas", que querem ser Ocidente e se miram no modelo dos EUA, a
epítome da modernidade ocidental. Mas a América Latina é, ao mesmo
tempo, o "Terceiro Mundo ocidental", ou seja, um Ocidente incompleto,
que inveja e rejeita o seu modelo. Os EUA são alvo, em graus variados,
de ressentimentos no mundo todo. Mas só na América Latina o
antiamericanismo figura como alicerce estrutural do pensamento de
esquerda.
Em "O espelho indiscreto", o mexicano Octavio Paz reflete sobre o
lugar dos EUA na produção da identidade de seu país: "A paixão dos
nossos intelectuais pela civilização norte-americana oscila do amor ao
ódio e da adoração ao horror. Formas contraditórias, porém
coincidentes, da ignorância: num extremo, o liberal Lorenzo de Zavala,
que não vacilou em tomar o partido dos texanos na guerra contra o
México; no outro, os marxistas-leninistas contemporâneos e seus
aliados, os "teólogos da libertação", que fizeram do imperialismo
norte-americano a prefiguração do anticristo."
A contigüidade geográfica acentua as cores, mas o desenho se aplica,
de modo geral, à América Latina. Os EUA são o avesso e, sobretudo, o
avesso do avesso: a modernidade idealizada, almejada tão intensamente
quanto temida e caluniada. A Revolução Americana, fonte da primeira
república contemporânea, inspirou Bolívar. Hoje, o programa dos
"bolivarianos" é a unidade latino-americana contra os EUA.
Durante a Guerra Fria, o antiamericanismo da esquerda latino-americana
veiculava apenas a adesão a Moscou e ao "socialismo real". A queda do
Muro de Berlim representou a perda de uma visão de futuro. Socialismo
converteu-se em pouco mais que uma expressão vazia: no máximo, como
acontece na Venezuela, uma moldura em busca de uma paisagem. Do
colapso, restou um sedimento ideológico, que é o nacionalismo e a
aversão à globalização. O antiamericanismo sintetiza essa doutrina em
fiapos, que eventualmente funciona como ponto de encontro entre
representantes dos extremos do espectro político.
Karl Marx escreveu, em novembro de 1864, uma carta ao presidente
americano Abraham Lincoln, congratulando-o por sua reeleição, que
assegurou a continuidade da guerra contra os confederados. Nela, Marx
prestou homenagem à "grande República Democrática" e à sua pioneira
Declaração dos Direitos do Homem. O fio de continuidade entre
democracia e socialismo, imaginado pelos líderes de esquerda do século
XIX, foi rompido pelos Estados totalitários do "socialismo real", no
século XX. O antiamericanismo de esquerda dos nossos dias é um fruto
retardatário dessa ruptura histórica.
A delinqüência política e intelectual dos antiamericanos deita raízes
num solo arado pela tragédia de 11 de setembro de 2001. A figura de
Bush, o presidente de Abu Ghraib e Guantánamo, cumpre uma função de
álibi incondicional. Escondidos atrás do pretexto de combatê-lo, os
órfãos do totalitarismo pintam tiranos como heróis e sonham com a
restauração de sociedades carcerárias.
Na sua resposta a Marx, Lincoln afirmou que as "nações não existem
apenas para si mesmas, mas para promover o bem-estar e a satisfação da
Humanidade, pelo intercâmbio benevolente e pelo exemplo. É sob essa
luz que os EUA enxergam sua causa no presente conflito contra a
escravatura, sustentando a insurgência como uma bandeira da natureza
humana." Eis o motivo pelo qual, de certo modo, todos somos
americanos. Apesar de Bush.
Assunto: Opinião
Título: 1n A ilusão antiamericana/Opinião
Data: 08/03/2007
Crédito: Demétrio Magnoli, sociólogo e doutor em geografia humana pela USP
Demétrio Magnoli, sociólogo e doutor em geografia humana pela USP
Dias antes da chegada de George Bush ao Brasil, em diálogo telefônico,
Fidel Castro e Hugo Chávez qualificaram o etanol como uma "tragédia",
argumentando que converter culturas agrícolas em biocombustíveis
equivale a provocar escassez de alimentos e de água. "Os EUA precisam
reduzir o consumo de energia, essa é a solução", pontificou o
presidente venezuelano. O retrato dos EUA como um ogro devastador
assume formas mutáveis, mas sempre adaptadas às circunstâncias. Ontem,
a acusação versava sobre o vício americano em petróleo. Hoje, sobre um
plano maléfico para disseminar a fome.
A visita de Bush desperta atenções inauditas, por óbvias razões
geopolíticas. Há mais que isso, contudo. Enquanto Lula assina os
protocolos de cooperação com aquele que Chávez qualifica como
"demônio", bonecos de Bush são queimados na rua por militantes do PT,
da CUT e da UNE. A tensão dilacerante opera numa camada profunda da
política, que se confunde com a cultura. A parceria entre Lula e Bush
está golpeando o tronco do antiamericanismo, sobre o qual se ergue a
copa da esquerda latino-americana.
Alain Rouquié qualificou a América Latina como o "Extremo Ocidente". A
conquista européia semeou, nesta parte do mundo, sociedades
"inferidas", que querem ser Ocidente e se miram no modelo dos EUA, a
epítome da modernidade ocidental. Mas a América Latina é, ao mesmo
tempo, o "Terceiro Mundo ocidental", ou seja, um Ocidente incompleto,
que inveja e rejeita o seu modelo. Os EUA são alvo, em graus variados,
de ressentimentos no mundo todo. Mas só na América Latina o
antiamericanismo figura como alicerce estrutural do pensamento de
esquerda.
Em "O espelho indiscreto", o mexicano Octavio Paz reflete sobre o
lugar dos EUA na produção da identidade de seu país: "A paixão dos
nossos intelectuais pela civilização norte-americana oscila do amor ao
ódio e da adoração ao horror. Formas contraditórias, porém
coincidentes, da ignorância: num extremo, o liberal Lorenzo de Zavala,
que não vacilou em tomar o partido dos texanos na guerra contra o
México; no outro, os marxistas-leninistas contemporâneos e seus
aliados, os "teólogos da libertação", que fizeram do imperialismo
norte-americano a prefiguração do anticristo."
A contigüidade geográfica acentua as cores, mas o desenho se aplica,
de modo geral, à América Latina. Os EUA são o avesso e, sobretudo, o
avesso do avesso: a modernidade idealizada, almejada tão intensamente
quanto temida e caluniada. A Revolução Americana, fonte da primeira
república contemporânea, inspirou Bolívar. Hoje, o programa dos
"bolivarianos" é a unidade latino-americana contra os EUA.
Durante a Guerra Fria, o antiamericanismo da esquerda latino-americana
veiculava apenas a adesão a Moscou e ao "socialismo real". A queda do
Muro de Berlim representou a perda de uma visão de futuro. Socialismo
converteu-se em pouco mais que uma expressão vazia: no máximo, como
acontece na Venezuela, uma moldura em busca de uma paisagem. Do
colapso, restou um sedimento ideológico, que é o nacionalismo e a
aversão à globalização. O antiamericanismo sintetiza essa doutrina em
fiapos, que eventualmente funciona como ponto de encontro entre
representantes dos extremos do espectro político.
Karl Marx escreveu, em novembro de 1864, uma carta ao presidente
americano Abraham Lincoln, congratulando-o por sua reeleição, que
assegurou a continuidade da guerra contra os confederados. Nela, Marx
prestou homenagem à "grande República Democrática" e à sua pioneira
Declaração dos Direitos do Homem. O fio de continuidade entre
democracia e socialismo, imaginado pelos líderes de esquerda do século
XIX, foi rompido pelos Estados totalitários do "socialismo real", no
século XX. O antiamericanismo de esquerda dos nossos dias é um fruto
retardatário dessa ruptura histórica.
A delinqüência política e intelectual dos antiamericanos deita raízes
num solo arado pela tragédia de 11 de setembro de 2001. A figura de
Bush, o presidente de Abu Ghraib e Guantánamo, cumpre uma função de
álibi incondicional. Escondidos atrás do pretexto de combatê-lo, os
órfãos do totalitarismo pintam tiranos como heróis e sonham com a
restauração de sociedades carcerárias.
Na sua resposta a Marx, Lincoln afirmou que as "nações não existem
apenas para si mesmas, mas para promover o bem-estar e a satisfação da
Humanidade, pelo intercâmbio benevolente e pelo exemplo. É sob essa
luz que os EUA enxergam sua causa no presente conflito contra a
escravatura, sustentando a insurgência como uma bandeira da natureza
humana." Eis o motivo pelo qual, de certo modo, todos somos
americanos. Apesar de Bush.
05/03/2007
EUA querem apoio do Brasil contra Chávez, diz Skidmore
EUA querem apoio do Brasil contra Chávez, diz Skidmore
Bruno Garcez
De Washington
Para historiador, EUA buscam apoio brasileiro contra Chávez
O historiador americano Thomas Skidmore acredita que a viagem do presidente George W. Bush ao Brasil, no próximo dia 8 de março, visa principalmente ''cultivar o apoio do Brasil contra Hugo Chávez''.
Em entrevista à BBC Brasil, Skidmore disse que em várias ocasiões o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se posicionado contra o líder venezuelano. Por isso, afirma, a viagem de Bush é ''um gesto de solidariedade para com o Brasil e um gesto contra a Venezuela''.
O historiador, tido como um dos mais respeitados brasilianistas dos Estados Unidos, autor de obras como Brasil: de Getúlio a Castelo Branco, 1930-1964 , Brasil: de Castelo a Tancredo, 1964-1985 e Uma História do Brasil, acredita que os Estados Unidos vêem a Venezuela, atualmente, como ''como algo muito sério, uma grande ameaça''.
Além disso, argumenta, o presidente da Venezuela está ''trabalhando muito bem com o dinheiro do petróleo na América Latina''. A visita de Bush seria uma forma de o governo americano fortalecer sua posição na região, passando um sinal de que "o Brasil está apoiando os Estados Unidos''.
Prestígio internacional
Segundo Skidmore, o Brasil lucra pouco com a viagem de Bush. ''Lula ganha um pouco de prestígio, porque no Brasil é sempre bom quando o país conta com uma imagem positiva nos Estados Unidos''.
Mas o historiador acredita que aquele que seria o principal objetivo de Lula não irá se concretizar. ''O que ele espera é uma melhora nas relações comerciais entre os dois países. Esse é o eterno problema do Brasil com os Estados Unidos. Mas isso não vai ocorrer. Nesse caso, é o Congresso americano que cria uma barreira.''
Parceria desigual
''O Brasil é um país bonzinho para os Estados Unidos e é um parceiro secundário.
Thomas Skidmore
Na opinião do historiador, a oitava viagem de Bush à América Latina serve ainda para que o presidente americano ''desvie a atenção'' da opinião pública americana dos problemas vividos pela atual administração, como a guerra no Iraque.
''Graças ao Iraque, Bush está praticamente sem opções. Uma viagem ao Brasil é uma forma agradável de desviar a atenção da opinião pública. E ele consegue fugir dos constantes encontros com a imprensa. Geopoliticamente, a viagem é favorável, mas acho que entre seus principais objetivos está o de afastar o Iraque da agenda.''
Skidmore diz sobre Bush que ''o sujeito está chegando ao final de um mandato desastroso. Então, é preciso algumas atrações secundárias''. Para o autor, o Brasil cumpre bem esse papel, porque ''é um país bonzinho para os Estados Unidos e é um parceiro secundário''.
Etanol
Para Skidmore, o tão propalado acordo a ser firmado entre os dois países na área dos bicombustíveis é ''algo glamouroso, mas é também mais um desvio de atenção''.
Nos Estados Unidos, defende o historiador, o etanol é bem visto porque contempla os produtores de milho, ''que estão ganhando muito dinheiro em isenções''.
Mas ele acredita que o Brasil não conseguirá firmar alguns de seus objetivos principais ao firmar uma parceria com os Estados Unidos no setor. ''Bush não irá reduzir tarifas (do etanol exportado pelo Brasil para os Estados Unidos). Ele não irá baixá-las de maneira alguma.''
Skidmore pede 'revolução da mentalidade' no Brasil
Bruno Garcez
De Washington
Para Thomas Skidmore, brasileiros estão perdendo seus ideais
O brasilianista Thomas Skidmore afirma que o Brasil precisa de "uma revolução na mentalidade geral" para reverter o déficit de desenvolvimento humano que existe hoje no país.
Para que isso aconteça, o historiador americano diz que é preciso que o Brasil faça investimentos em um programa de desenvolvimento nacional e deixe de negligenciar áreas como saúde, educação e tecnologia.
Skidmore falou à BBC Brasil como parte da série Brasil 2010, em que personalidades de diversas áreas elegem um aspecto que gostariam de ver diferente no país que será entregue pelo presidente que vencer as próximas eleições.
Leia a seguir alguns trechos da entrevista:
BBC Brasil - O que o senhor gostaria de ver diferente no Brasil em 2010?
Thomas Skidmore- Gostaria de ver uma valorização do ser humano. Mas para isso é necessário um programa nacional de desenvolvimento. O Brasil continua negligenciando educação, saúde, ciência e tecnologia. Enfatizar estas áreas é essencial. Existe um déficit muito elevado de desenvolvimento humano. O Brasil ainda não acordou para o que está acontecendo no mundo e o tempo está se esgotando. É preciso uma revolução na mentalidade geral.
BBC Brasil - Mas como se pode chegar a essa revolução?
Skidmore - É muito difícil. Mas é preciso que o país enfatize educação. Foi o que fez a Coréia do Sul. Eles investiram em educação com muita rapidez. E depois colheram os resultados.
BBC Brasil - Ainda dá para acreditar que o Brasil é o país do futuro?
Skidmore - (rindo) Esse é um fardo muito pesado para carregar. Mas não é só criando um monte de universidades que você vai tirar o Nordeste da situação em que a região se encontra hoje em dia. O Brasil precisa de um programa ofensivo. Precisa ir para o ataque. Mas no Brasil parece que as pessoas só gostam de ir para o ataque no futebol. Sou cético. Não creio que conseguirei ver meu sonho realizado. Estou desiludido. Os brasileiros gostam de pensar que são idealistas. Mas acho que estão perdendo seus ideais
Bruno Garcez
De Washington
Para historiador, EUA buscam apoio brasileiro contra Chávez
O historiador americano Thomas Skidmore acredita que a viagem do presidente George W. Bush ao Brasil, no próximo dia 8 de março, visa principalmente ''cultivar o apoio do Brasil contra Hugo Chávez''.
Em entrevista à BBC Brasil, Skidmore disse que em várias ocasiões o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se posicionado contra o líder venezuelano. Por isso, afirma, a viagem de Bush é ''um gesto de solidariedade para com o Brasil e um gesto contra a Venezuela''.
O historiador, tido como um dos mais respeitados brasilianistas dos Estados Unidos, autor de obras como Brasil: de Getúlio a Castelo Branco, 1930-1964 , Brasil: de Castelo a Tancredo, 1964-1985 e Uma História do Brasil, acredita que os Estados Unidos vêem a Venezuela, atualmente, como ''como algo muito sério, uma grande ameaça''.
Além disso, argumenta, o presidente da Venezuela está ''trabalhando muito bem com o dinheiro do petróleo na América Latina''. A visita de Bush seria uma forma de o governo americano fortalecer sua posição na região, passando um sinal de que "o Brasil está apoiando os Estados Unidos''.
Prestígio internacional
Segundo Skidmore, o Brasil lucra pouco com a viagem de Bush. ''Lula ganha um pouco de prestígio, porque no Brasil é sempre bom quando o país conta com uma imagem positiva nos Estados Unidos''.
Mas o historiador acredita que aquele que seria o principal objetivo de Lula não irá se concretizar. ''O que ele espera é uma melhora nas relações comerciais entre os dois países. Esse é o eterno problema do Brasil com os Estados Unidos. Mas isso não vai ocorrer. Nesse caso, é o Congresso americano que cria uma barreira.''
Parceria desigual
''O Brasil é um país bonzinho para os Estados Unidos e é um parceiro secundário.
Thomas Skidmore
Na opinião do historiador, a oitava viagem de Bush à América Latina serve ainda para que o presidente americano ''desvie a atenção'' da opinião pública americana dos problemas vividos pela atual administração, como a guerra no Iraque.
''Graças ao Iraque, Bush está praticamente sem opções. Uma viagem ao Brasil é uma forma agradável de desviar a atenção da opinião pública. E ele consegue fugir dos constantes encontros com a imprensa. Geopoliticamente, a viagem é favorável, mas acho que entre seus principais objetivos está o de afastar o Iraque da agenda.''
Skidmore diz sobre Bush que ''o sujeito está chegando ao final de um mandato desastroso. Então, é preciso algumas atrações secundárias''. Para o autor, o Brasil cumpre bem esse papel, porque ''é um país bonzinho para os Estados Unidos e é um parceiro secundário''.
Etanol
Para Skidmore, o tão propalado acordo a ser firmado entre os dois países na área dos bicombustíveis é ''algo glamouroso, mas é também mais um desvio de atenção''.
Nos Estados Unidos, defende o historiador, o etanol é bem visto porque contempla os produtores de milho, ''que estão ganhando muito dinheiro em isenções''.
Mas ele acredita que o Brasil não conseguirá firmar alguns de seus objetivos principais ao firmar uma parceria com os Estados Unidos no setor. ''Bush não irá reduzir tarifas (do etanol exportado pelo Brasil para os Estados Unidos). Ele não irá baixá-las de maneira alguma.''
Skidmore pede 'revolução da mentalidade' no Brasil
Bruno Garcez
De Washington
Para Thomas Skidmore, brasileiros estão perdendo seus ideais
O brasilianista Thomas Skidmore afirma que o Brasil precisa de "uma revolução na mentalidade geral" para reverter o déficit de desenvolvimento humano que existe hoje no país.
Para que isso aconteça, o historiador americano diz que é preciso que o Brasil faça investimentos em um programa de desenvolvimento nacional e deixe de negligenciar áreas como saúde, educação e tecnologia.
Skidmore falou à BBC Brasil como parte da série Brasil 2010, em que personalidades de diversas áreas elegem um aspecto que gostariam de ver diferente no país que será entregue pelo presidente que vencer as próximas eleições.
Leia a seguir alguns trechos da entrevista:
BBC Brasil - O que o senhor gostaria de ver diferente no Brasil em 2010?
Thomas Skidmore- Gostaria de ver uma valorização do ser humano. Mas para isso é necessário um programa nacional de desenvolvimento. O Brasil continua negligenciando educação, saúde, ciência e tecnologia. Enfatizar estas áreas é essencial. Existe um déficit muito elevado de desenvolvimento humano. O Brasil ainda não acordou para o que está acontecendo no mundo e o tempo está se esgotando. É preciso uma revolução na mentalidade geral.
BBC Brasil - Mas como se pode chegar a essa revolução?
Skidmore - É muito difícil. Mas é preciso que o país enfatize educação. Foi o que fez a Coréia do Sul. Eles investiram em educação com muita rapidez. E depois colheram os resultados.
BBC Brasil - Ainda dá para acreditar que o Brasil é o país do futuro?
Skidmore - (rindo) Esse é um fardo muito pesado para carregar. Mas não é só criando um monte de universidades que você vai tirar o Nordeste da situação em que a região se encontra hoje em dia. O Brasil precisa de um programa ofensivo. Precisa ir para o ataque. Mas no Brasil parece que as pessoas só gostam de ir para o ataque no futebol. Sou cético. Não creio que conseguirei ver meu sonho realizado. Estou desiludido. Os brasileiros gostam de pensar que são idealistas. Mas acho que estão perdendo seus ideais
Principais momentos da história recente da China
Principais momentos da história recente da China
1986-90 - A política de abertura do governo chinês permite maior investimento estrangeiro e incentiva o desenvolvimento de uma economia de mercado e do setor privado.
1989 - Tropas abrem fogo contra manifestantes acampados há semanas na Praça da Paz Celestial, em Pequim. Os manifestantes exigem o perdão póstumo ao ex-secretário geral do Partido Comunista Chinês (PCC), Hu Yaobang, que foi forçado a pedir demissão em
1987. O número oficial de mortes é 200. Uma onda de protestos da comunidade internacional resulta em sanções para a China.Jiang Zemin é nomeado secretário-geral do PCC, no lugar de Zhao Ziyang, que se recusou a apoiar a lei marcial durante as manifestações na Praça da Paz Celestial. A China ganha suas duas primeiras bolsas de valores, em Xangai e em Shenzhen.
1992 - A Rússia e a China assinam uma declaração reatando laços de amizade.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) classifica a economia chinesa como a terceira maior do mundo, depois dos Estados Unidos e do Japão.
1993 - Jiang Zemin substitui oficialmente Yang Shangkun como presidente.
Começa a construção da barragem para a usina hidrelétrica de Três Gargantas, com conclusão prevista para 2009. O projeto gera polêmica, pois, entre outras coisas, criará uma represa de 600 km de extensão, fazendo desaparecer dezenas de cidades e monumentos históricos.
1994 - A China suprime a taxa de câmbio oficial do renminbi (RMB) e, pela primeira vez desde 1949, estabelece uma taxa flutuante.
1995 - A China testa mísseis e organiza exercícios militares no Estreito de Taiwan, supostamente para intimidar o vizinho durante suas eleições presidenciais.
1996 - China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão se reúnem em Xangai e chegam a um acordo de cooperação para combater tensões étnicas e religiosas nos seus países, ficando então conhecidos como os "Cinco de Xangai".
A 'volta' de Hong Kong
1997 - Morre Deng Xiaoping, aos 92 anos. Manifestações violentas ocorrem em Yining e Xingiang. No dia do funeral, separatistas de Xingiang colocam três bombas dentro de ônibus em Urumqi, matando nove pessoas e ferindo outras 74.
Hong Kong, até então sob domínio britânico, volta ao controle da China.
1998 - Zhu Rhongji sucede Li Peng como primeiro-ministro e anuncia reformas, como reação à crise asiática e ao contínuo arrefecimento econômico.
Milhares de empresas estatais são reestruturadas por fusões, flutuação nos mercados de ações e falências. O governo anuncia planos para demitir cerca de 4 milhões de funcionários públicos.
1999 - 50º aniversário da República Popular da China, celebrado em 1º de outubro.
Macau volta ao controle da China.
A seita Falun Gong é colocada na ilegalidade por ser vista como uma ameaça à estabilidade nacional.
A Otan bombardeia a embaixada chinesa em Belgrado, Iugoslávia, complicando as relações da China com os Estados Unidos.
2000 - O endurecimento contra a corrupção é sinalizado com a execução de um ex-vice-presidente do Congresso Nacional do Povo, pela prática de suborno.
O Falun Gong continua a desafiar as autoridades e realizar manifestações.
Uma bomba explode e mata 60 pessoas em Urumqi, na província de Xinjiang.
Tensões com Taiwan
2001 - A China insiste para que os EUA não forneçam equipamentos anti-mísseis a Taiwan. Os EUA declaram que vão proceder com a venda, mas de só parte do equipamento pedido por Taiwan.
Março de 2001 - O governo chinês comemora o resultado de um megacenso, que aponta que a população do país cresceu menos que o previsto, prova da eficiência da "política do filho único" lançada nos anos 80.
Abril de 2001 - A detenção de um avião espião americano e sua tripulação após a colisão aérea com um caça chinês gera uma disputa diplomática entre a China e os EUA.
Junho de 2001 - Líderes de China, Rússia e mais quatro países da Ásia Central lançam a Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) e assinam um acordo para combater a militância étnica e religiosa, enquanto promoverm o comércio e investimentos. O grupo é formado quando o Uzbequistão se junta aos Cinco de Xangai (China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão).
A China realiza exercícios militares que simulam uma invasão a Taiwan, ao mesmo tempo em que as forças armadas da ilha testam a sua capacidade de defesa.
Julho de 2001 - O Comitê Olímpico Internacional anuncia a escolha de Pequim para sediar os Jogos Olímpicos de 2008.A abertura da economia Novembro de 2001 - A China é oficialmente reconhecida como membro da Organização Mundial do Comércio (OMC).
2002 (fev)- O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chega à China exatamente 30 anos após a visita do ex-presidente Richard Nixon, a primeira de um estadista americano ao país.
Junho de 2002 - A maior parte dos cybercafés da China são fechados, restando apenas poucos que funcionam sob um rígido regime de licenças. Três meses depois, os sites de busca americanos Google e Altavista são bloqueados pelo governo.
Julho de 2002 - Os Estados Unidos afirmam que a China está modernizando seu aparato militar com o objetivo de forçar a reunificação com Taiwan, mas o governo chinês diz que as medidas visam apenas a melhorar a defesa do país.
Novembro de 2002 - O vice-presidente Hu Jintao é nomeado presidente do PCC, no lugar de Jiang Zemin. Jiang é reeleito para o cargo de diretor do influente Comitê Militar do partido, responsável pelo comando das Forças Armadas.
2003(março) - O Congresso Nacional do Povo elege Hu Jintao para presidente da China. Ele substitui Jiang Zemin, que deixa o posto depois de dez anos.
Sars, Três Gargantas e o espaço
Março/Abril de 2003 - China e Hong Kong são fortemente atingidos pelo vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês), que, acredita-se, surgiu na província de Guangdong em novembro de 2002. Medidas rígidas de quarentena são tomadas para tentar conter uma epidemia da pneumonia atípica.
Junho de 2003 - A Organização Mundial de Saúde (OMS) declara que a Sars foi erradicada de Hong Kong. Dias depois, a entidade suspende a proibição a viagens a Pequim.
As comportas da barragem de Três Gargantas são fechadas para que a represa comece a encher. A essa altura, a construção da maior hidrelétrica do mundo já forçava a emigração de mais de 1 milhão de pessoas, num projeto então avaliado em US$ 25 bilhões.
Em um acordo histórico, a Índia reconhece o Tibet como parte da China, que, de seu lado, concorda em estabelecer uma rota de comércio com o país vizinho através de Siquim, uma região de fronteira que a China passa a aceitar como parte da Índia.
Julho/Agosto de 2003 - Cerca de 500 mil pessoas fazem uma passeata em Hong Kong contra o Artigo 23, uma polêmica lei anti-subversão. Dois altos funcionários do governo de Hong Kong se demitem e a lei é arquivada.
Outubro de 2003 - Lançamento da primeira missão tripulada chinesa ao espaço: o astronauta Yang Liwei decola a bordo do foguete Long March 2F.
2004(abril) - O Congresso aprova eleições diretas em Hong Kong em 2007.
Setembro de 2004 - O ex-presidente Jiang Zemin deixa o cargo de chefe do Comitê Militar do PCC, três anos antes do previsto.
Novembro de 2004 - A China fecha um acordo comercial histórico com dez países do Sudeste Asiático, num movimento que poderá colocar 25% da população mundial em uma zona de livre-comércio.
2005(Janeiro) - Morre o ex-líder reformista Zhao Ziyang. Ele se opôs à repressão violenta dos estudantes que protestavam na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989. Desde então, viveu em regime de prisão domiciliar.
Fevereiro de 2005 - Um avião fretado por turistas para as comemorações do Ano Novo chinês faz o primeiro vôo direto entre a China e Taiwan desde 1949.
Entenda como funciona o governo da China
Os homens mais poderosos da China são do Comitê Permanente Com 66 milhões de membros e o título
de maior partido político do mundo, o Partido Comunista Chinês (PCC) governa a China desde 1949,
sem tolerar oposição e geralmente reagindo de maneira polêmica em relação a dissidentes.
O partido exerce influência sobre vários aspectos da vida dos cidadãos chineses –do que aprendem
na escola ao que assitem na televisão, seus empregos, suas casas e até o número de filhos que podem
ter.Mas a China é governada de fato pelos nove homens que compõem o Comitê Permanente do órgão
político do PCC, o Politburo – este, por sua vez, um organismo com 24 membros eleitos pelo Comitê
Central do partido e que, além de assegurar a manutenção da linha do PCC, controla três outras importantes instituições – o Comitê Militar, o Congresso Nacional do Povo (o Parlamento) e o Conselho de Estado
(o braço administrativo do governo).Como não há eleição para o Comitê Permanente, chegar a ele é mais
uma questão de influência e apadrinhamento político. O funcionamento desse comitê é confidencial, mas alguns analistas acreditam que seus membros se reúnem com freqüência e muitas vezes discordam entre si
. É raro, no entanto, que essas discussões “vazem”.Os membros do Comitê Permanente também
distribuem entre si os cargos de secretário-geral do partido, primeiro-ministro, presidente do Congresso
Nacional do Povo e diretor do Comitê Central de Inspeção Disciplinária.Os novos membros do Politburo
são escolhidos após uma rigorosa triagem, em que são investigados o passado, as opiniões e a
experiência de cada candidato.
Congresso Nacional do Povo
Na prática, Congresso tem poderes limitados Segundo a Constituição de 1982, o Congresso Nacional do
Povo seria o mais poderoso órgão do Estado, mas na prática, ele funciona mais como um “aprovador” das decisões do PCC.Formado por quase 3 mil delegados eleitos pelas províncias, regiões autônomas, municipalidades
e as Forças Armadas. Cerca de 70% deles também são membros do PCC.Apesar de comparado com um parlamento nos moldes políticos ocidentais, o Congresso não é uma entidade independente, sem poderes concretos de modificar a Constituição nem criar leis.
O Congresso também “elege” o presidente e o vice-presidente do país, além dos presidentes do Comitê Militar e da Suprema Corte Popular. Mas, novamente, essas eleições são diferentes das que ocorrem no Ocidente, muitas vezes com apenas um candidato.
O Congresso controla ainda os principais órgãos judiciários da China, como a Suprema Corte Popular e a Suprema Procuradoria Popular, e suas representantes regionais.
Os militares
Outra entidade de extrema importância no governo chinês é o Comitê Militar, que possibilita ao PCC o controle sobre as Forças Armadas e seu arsenal nuclear.
Formado por onze membros, o Comitê toma todas as decisões relativas ao Exército Popular de Libertação, uma força de 2,5 milhões de homens. O Comitê também controla a Polícia Armada Popular, uma organização paramilitar.
Teoricamente, o presidente do Comitê é eleito pelo Congresso, mas na prática, o posto vai automaticamente para a figura mais poderosa do PCC, hoje o presidente Hu Jintao.
Os ex-líderes Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping se mantiveram no cargo mesmo depois de renunciarem a todos os outros, o que muitos analistas vêem como a prova de que essa é realmente uma posição de muito poder na China.
As Forças Armadas, no entanto, sofreram uma série de reformas em meados dos anos 80, perdendo influência sobre assuntos não militares no governo.
Conselho de Estado e governos locais
O PCC é o maior partido do mundo
O Conselho de Estado é igualmente importante na hierarquia política chinesa.
Trata-se do órgão que controla a máquina governamental, situado no topo de uma complexa rede de comitês e ministérios, e responsável por garantir que as políticas do PCC sejam implementadas a níveis nacional e regional.
O Conselho submete leis e medidas para a aprovação do Congresso e tem o papel de gerenciar o orçamento estatal.
O órgão também supervisiona os governos das 22 províncias, cinco regiões autônomas (entre elas, o Tibet), duas regiões administrativas especiais (Hong Kong e Macau) e quatro municipalidades (Pequim, Xangai, Tianjin e Chongqing).
Poderes ‘paralelos’
Membros do PCC que estejam sob suspeita de corrupção, má conduta ou rompimento com a linha do partido são observados de perto pelo Comitê Central de Inspeção Disciplinária.
Com as recentes reformas econômicas no país, a corrupção se tornou o principal dano à imagem do partido.
Conseqüentemente, a ofensiva contra os corruptos aumentou e o governo não tem negado abrir para a mídia a cobertura das punições, que podem incluir até execuções.
O Comitê é especialmente temido dentro do PCC, pois tem acesso privilegiado a informações, além de controlar redes de informantes e arquivos pessoais.
Muitos ‘protegidos’ de Jiang Zemin ocupam altos cargos
Outra fonte de muito poder na estrutura política chinesa são os veteranos do partido.
Muitas vezes, eles exercem uma enorme influência sobre decisões e nomeações, mesmo quando oficialmente já não ocupam cargo algum.
O exemplo mais conhecido é o do ex-presidente Deng Xiaoping, que permaneceu como líder até mesmo quando detinha um posto menor na hierarquia chinesa.
Acredita-se ainda que foi ele, junto com outros líderes “aposentados”, – e não o Comitê Permanente do Politburo – que tomou as drásticas decisões de declarar lei marcial e enviar o Exército para reprimir os protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989.
Os ex-líderes veteranos também gozam de privilégios como guarda-costas de elite, casas especiais, secretárias, motoristas e acesso a documentos e informações confidenciais.
Para analistas, tudo isso é facilitado pela natureza “apadrinhadora” do sistema político chinês, em que membros da “velha guarda” fazem manobras para garantir que seus “protegidos” das novas gerações consigam lugares no Politburo ou em outros cargos importantes.
A China Hoje
Geografia
A China tem aproximadamente 9.572.900 km2 de área e é o terceiro maior
país do mundo. Em muitos aspectos, o desenvolvimento do país foi determinado
pela sua geografia. A China tem desertos, montanhas e bacias hidrográficas férteis,
assim como possui alguns dos pontos mais altos e mais baixos da Terra.
A maior parte dos recentes avanços econômicos ocorreram nas províncias
da costa leste do país, enquanto muitas áreas rurais do interior ainda vivem
na pobreza.
População
Com 1,3 bilhão de habitantes, a China possui 20% da população mundial. Mas regras rígidas e mudanças no estilo de vida têm feito a taxa de crescimento populacional cair. A maioria dos casais das grandes cidades está sujeita à conhecida “política do filho único”. Na zona rural, as famílias podem ter uma segunda criança se a mais velha for uma menina.
A China também está vivendo uma enorme corrente migratória interna, de pessoas que deixam o interior rumo às cidades da costa leste. Em 1950, a população urbana representava menos de 13% do total. Agora, está em 40%, e deve chegar a 60% em 2030.
Etnia
Os chineses han representam até 92% da população da China, que também abriga outros 55 grupos étnicos. Essas minorias em geral vivem nas áreas de fronteira.
O governo chinês enfrenta dois conflitos separatistas no oeste do país, com os tibetanos e os uighur. Além disso, uma onda de violência na província de Henan, em 2004, criou temores de que as relações entre os grupos minoritários e a maioria han se deteriorem.
Economia
Desde que o regime comunista decidiu abrir a China para investimentos estrangeiros, em 1978, o país se tornou uma das economias que mais cresce no mundo, além de estar entre as dez maiores.
Mas com as taxas de crescimento em cerca de 9%, alguns analistas alertam para um superaquecimento e para o fato de que o resto do mundo pode sofrer o impacto de possível recessão no país.
Nos últimos anos, a China também se tornou um gigante do comércio, conquistando o quinto lugar em exportações. O boom econômico, no entanto, trouxe ao país problemas sociais e na área de meio ambiente.
Pobreza
A China afirma que o número de pessoas pobres na zona rural caiu de 85 milhões, em 1990, para 29 milhões. Apesar disso, a maneira como o país calcula a pobreza é polêmica, e o Banco Mundial diz que esse número é muito maior.
O país está assistindo ao surgimento de uma nova classe de despossuídos – os pobres das grandes cidades. Isso se deve às demissões em massa nas estatais e à migração interna. O boom econômico também levou ao aumento da desigualdade de riquezas.
Meio ambiente
O crescimento econômico da China – e o aumento da demanda por energia – gerou um forte impacto no meio ambiente. Um relatório do Banco Mundial, de 1998, mostrou que 16 das 20 cidades mais poluídas do mundo ficam na China, que também é culpada por parte da poluição atmosférica no Japão e nas Coréias.
A China é o segundo maior emissor de gás carbônico (CO2) do planeta e, como é considerada uma nação em desenvolvimento, ainda não tem que respeitar as exigências de redução.
A água também é outro motivo de preocupação no país. Os rios do norte estão secando, uma situação atribuída ao uso abusivo de suas águas e à profusão de represas. Por outro lado, a urbanização é tida como culpada pelas recentes enchentes que assolam o país
Sociedade
A sociedade chinesa tem passado por profundas transformações nos últimos anos. Cada vez mais pessoas estão se mudando para os centros urbanos, deixando para trás seus costumes e seu estilo de vida.
Em muitas cidades, arranha-céus dominam a paisagem e marcas ocidentais conhecidas povoam shopping centers recém-inaugurados. A venda de celulares e computadores disparou, e estima-se que a China tenha 90 milhões de pessoas conectadas à internet – quatro vezes mais que em 2000.
Mas a modernização da China também torna visível um país cheio de contrastes, com milhões de pessoas à margem da prosperidade.
1986-90 - A política de abertura do governo chinês permite maior investimento estrangeiro e incentiva o desenvolvimento de uma economia de mercado e do setor privado.
1989 - Tropas abrem fogo contra manifestantes acampados há semanas na Praça da Paz Celestial, em Pequim. Os manifestantes exigem o perdão póstumo ao ex-secretário geral do Partido Comunista Chinês (PCC), Hu Yaobang, que foi forçado a pedir demissão em
1987. O número oficial de mortes é 200. Uma onda de protestos da comunidade internacional resulta em sanções para a China.Jiang Zemin é nomeado secretário-geral do PCC, no lugar de Zhao Ziyang, que se recusou a apoiar a lei marcial durante as manifestações na Praça da Paz Celestial. A China ganha suas duas primeiras bolsas de valores, em Xangai e em Shenzhen.
1992 - A Rússia e a China assinam uma declaração reatando laços de amizade.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) classifica a economia chinesa como a terceira maior do mundo, depois dos Estados Unidos e do Japão.
1993 - Jiang Zemin substitui oficialmente Yang Shangkun como presidente.
Começa a construção da barragem para a usina hidrelétrica de Três Gargantas, com conclusão prevista para 2009. O projeto gera polêmica, pois, entre outras coisas, criará uma represa de 600 km de extensão, fazendo desaparecer dezenas de cidades e monumentos históricos.
1994 - A China suprime a taxa de câmbio oficial do renminbi (RMB) e, pela primeira vez desde 1949, estabelece uma taxa flutuante.
1995 - A China testa mísseis e organiza exercícios militares no Estreito de Taiwan, supostamente para intimidar o vizinho durante suas eleições presidenciais.
1996 - China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão se reúnem em Xangai e chegam a um acordo de cooperação para combater tensões étnicas e religiosas nos seus países, ficando então conhecidos como os "Cinco de Xangai".
A 'volta' de Hong Kong
1997 - Morre Deng Xiaoping, aos 92 anos. Manifestações violentas ocorrem em Yining e Xingiang. No dia do funeral, separatistas de Xingiang colocam três bombas dentro de ônibus em Urumqi, matando nove pessoas e ferindo outras 74.
Hong Kong, até então sob domínio britânico, volta ao controle da China.
1998 - Zhu Rhongji sucede Li Peng como primeiro-ministro e anuncia reformas, como reação à crise asiática e ao contínuo arrefecimento econômico.
Milhares de empresas estatais são reestruturadas por fusões, flutuação nos mercados de ações e falências. O governo anuncia planos para demitir cerca de 4 milhões de funcionários públicos.
1999 - 50º aniversário da República Popular da China, celebrado em 1º de outubro.
Macau volta ao controle da China.
A seita Falun Gong é colocada na ilegalidade por ser vista como uma ameaça à estabilidade nacional.
A Otan bombardeia a embaixada chinesa em Belgrado, Iugoslávia, complicando as relações da China com os Estados Unidos.
2000 - O endurecimento contra a corrupção é sinalizado com a execução de um ex-vice-presidente do Congresso Nacional do Povo, pela prática de suborno.
O Falun Gong continua a desafiar as autoridades e realizar manifestações.
Uma bomba explode e mata 60 pessoas em Urumqi, na província de Xinjiang.
Tensões com Taiwan
2001 - A China insiste para que os EUA não forneçam equipamentos anti-mísseis a Taiwan. Os EUA declaram que vão proceder com a venda, mas de só parte do equipamento pedido por Taiwan.
Março de 2001 - O governo chinês comemora o resultado de um megacenso, que aponta que a população do país cresceu menos que o previsto, prova da eficiência da "política do filho único" lançada nos anos 80.
Abril de 2001 - A detenção de um avião espião americano e sua tripulação após a colisão aérea com um caça chinês gera uma disputa diplomática entre a China e os EUA.
Junho de 2001 - Líderes de China, Rússia e mais quatro países da Ásia Central lançam a Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) e assinam um acordo para combater a militância étnica e religiosa, enquanto promoverm o comércio e investimentos. O grupo é formado quando o Uzbequistão se junta aos Cinco de Xangai (China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão).
A China realiza exercícios militares que simulam uma invasão a Taiwan, ao mesmo tempo em que as forças armadas da ilha testam a sua capacidade de defesa.
Julho de 2001 - O Comitê Olímpico Internacional anuncia a escolha de Pequim para sediar os Jogos Olímpicos de 2008.A abertura da economia Novembro de 2001 - A China é oficialmente reconhecida como membro da Organização Mundial do Comércio (OMC).
2002 (fev)- O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chega à China exatamente 30 anos após a visita do ex-presidente Richard Nixon, a primeira de um estadista americano ao país.
Junho de 2002 - A maior parte dos cybercafés da China são fechados, restando apenas poucos que funcionam sob um rígido regime de licenças. Três meses depois, os sites de busca americanos Google e Altavista são bloqueados pelo governo.
Julho de 2002 - Os Estados Unidos afirmam que a China está modernizando seu aparato militar com o objetivo de forçar a reunificação com Taiwan, mas o governo chinês diz que as medidas visam apenas a melhorar a defesa do país.
Novembro de 2002 - O vice-presidente Hu Jintao é nomeado presidente do PCC, no lugar de Jiang Zemin. Jiang é reeleito para o cargo de diretor do influente Comitê Militar do partido, responsável pelo comando das Forças Armadas.
2003(março) - O Congresso Nacional do Povo elege Hu Jintao para presidente da China. Ele substitui Jiang Zemin, que deixa o posto depois de dez anos.
Sars, Três Gargantas e o espaço
Março/Abril de 2003 - China e Hong Kong são fortemente atingidos pelo vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês), que, acredita-se, surgiu na província de Guangdong em novembro de 2002. Medidas rígidas de quarentena são tomadas para tentar conter uma epidemia da pneumonia atípica.
Junho de 2003 - A Organização Mundial de Saúde (OMS) declara que a Sars foi erradicada de Hong Kong. Dias depois, a entidade suspende a proibição a viagens a Pequim.
As comportas da barragem de Três Gargantas são fechadas para que a represa comece a encher. A essa altura, a construção da maior hidrelétrica do mundo já forçava a emigração de mais de 1 milhão de pessoas, num projeto então avaliado em US$ 25 bilhões.
Em um acordo histórico, a Índia reconhece o Tibet como parte da China, que, de seu lado, concorda em estabelecer uma rota de comércio com o país vizinho através de Siquim, uma região de fronteira que a China passa a aceitar como parte da Índia.
Julho/Agosto de 2003 - Cerca de 500 mil pessoas fazem uma passeata em Hong Kong contra o Artigo 23, uma polêmica lei anti-subversão. Dois altos funcionários do governo de Hong Kong se demitem e a lei é arquivada.
Outubro de 2003 - Lançamento da primeira missão tripulada chinesa ao espaço: o astronauta Yang Liwei decola a bordo do foguete Long March 2F.
2004(abril) - O Congresso aprova eleições diretas em Hong Kong em 2007.
Setembro de 2004 - O ex-presidente Jiang Zemin deixa o cargo de chefe do Comitê Militar do PCC, três anos antes do previsto.
Novembro de 2004 - A China fecha um acordo comercial histórico com dez países do Sudeste Asiático, num movimento que poderá colocar 25% da população mundial em uma zona de livre-comércio.
2005(Janeiro) - Morre o ex-líder reformista Zhao Ziyang. Ele se opôs à repressão violenta dos estudantes que protestavam na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989. Desde então, viveu em regime de prisão domiciliar.
Fevereiro de 2005 - Um avião fretado por turistas para as comemorações do Ano Novo chinês faz o primeiro vôo direto entre a China e Taiwan desde 1949.
Entenda como funciona o governo da China
Os homens mais poderosos da China são do Comitê Permanente Com 66 milhões de membros e o título
de maior partido político do mundo, o Partido Comunista Chinês (PCC) governa a China desde 1949,
sem tolerar oposição e geralmente reagindo de maneira polêmica em relação a dissidentes.
O partido exerce influência sobre vários aspectos da vida dos cidadãos chineses –do que aprendem
na escola ao que assitem na televisão, seus empregos, suas casas e até o número de filhos que podem
ter.Mas a China é governada de fato pelos nove homens que compõem o Comitê Permanente do órgão
político do PCC, o Politburo – este, por sua vez, um organismo com 24 membros eleitos pelo Comitê
Central do partido e que, além de assegurar a manutenção da linha do PCC, controla três outras importantes instituições – o Comitê Militar, o Congresso Nacional do Povo (o Parlamento) e o Conselho de Estado
(o braço administrativo do governo).Como não há eleição para o Comitê Permanente, chegar a ele é mais
uma questão de influência e apadrinhamento político. O funcionamento desse comitê é confidencial, mas alguns analistas acreditam que seus membros se reúnem com freqüência e muitas vezes discordam entre si
. É raro, no entanto, que essas discussões “vazem”.Os membros do Comitê Permanente também
distribuem entre si os cargos de secretário-geral do partido, primeiro-ministro, presidente do Congresso
Nacional do Povo e diretor do Comitê Central de Inspeção Disciplinária.Os novos membros do Politburo
são escolhidos após uma rigorosa triagem, em que são investigados o passado, as opiniões e a
experiência de cada candidato.
Congresso Nacional do Povo
Na prática, Congresso tem poderes limitados Segundo a Constituição de 1982, o Congresso Nacional do
Povo seria o mais poderoso órgão do Estado, mas na prática, ele funciona mais como um “aprovador” das decisões do PCC.Formado por quase 3 mil delegados eleitos pelas províncias, regiões autônomas, municipalidades
e as Forças Armadas. Cerca de 70% deles também são membros do PCC.Apesar de comparado com um parlamento nos moldes políticos ocidentais, o Congresso não é uma entidade independente, sem poderes concretos de modificar a Constituição nem criar leis.
O Congresso também “elege” o presidente e o vice-presidente do país, além dos presidentes do Comitê Militar e da Suprema Corte Popular. Mas, novamente, essas eleições são diferentes das que ocorrem no Ocidente, muitas vezes com apenas um candidato.
O Congresso controla ainda os principais órgãos judiciários da China, como a Suprema Corte Popular e a Suprema Procuradoria Popular, e suas representantes regionais.
Os militares
Outra entidade de extrema importância no governo chinês é o Comitê Militar, que possibilita ao PCC o controle sobre as Forças Armadas e seu arsenal nuclear.
Formado por onze membros, o Comitê toma todas as decisões relativas ao Exército Popular de Libertação, uma força de 2,5 milhões de homens. O Comitê também controla a Polícia Armada Popular, uma organização paramilitar.
Teoricamente, o presidente do Comitê é eleito pelo Congresso, mas na prática, o posto vai automaticamente para a figura mais poderosa do PCC, hoje o presidente Hu Jintao.
Os ex-líderes Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping se mantiveram no cargo mesmo depois de renunciarem a todos os outros, o que muitos analistas vêem como a prova de que essa é realmente uma posição de muito poder na China.
As Forças Armadas, no entanto, sofreram uma série de reformas em meados dos anos 80, perdendo influência sobre assuntos não militares no governo.
Conselho de Estado e governos locais
O PCC é o maior partido do mundo
O Conselho de Estado é igualmente importante na hierarquia política chinesa.
Trata-se do órgão que controla a máquina governamental, situado no topo de uma complexa rede de comitês e ministérios, e responsável por garantir que as políticas do PCC sejam implementadas a níveis nacional e regional.
O Conselho submete leis e medidas para a aprovação do Congresso e tem o papel de gerenciar o orçamento estatal.
O órgão também supervisiona os governos das 22 províncias, cinco regiões autônomas (entre elas, o Tibet), duas regiões administrativas especiais (Hong Kong e Macau) e quatro municipalidades (Pequim, Xangai, Tianjin e Chongqing).
Poderes ‘paralelos’
Membros do PCC que estejam sob suspeita de corrupção, má conduta ou rompimento com a linha do partido são observados de perto pelo Comitê Central de Inspeção Disciplinária.
Com as recentes reformas econômicas no país, a corrupção se tornou o principal dano à imagem do partido.
Conseqüentemente, a ofensiva contra os corruptos aumentou e o governo não tem negado abrir para a mídia a cobertura das punições, que podem incluir até execuções.
O Comitê é especialmente temido dentro do PCC, pois tem acesso privilegiado a informações, além de controlar redes de informantes e arquivos pessoais.
Muitos ‘protegidos’ de Jiang Zemin ocupam altos cargos
Outra fonte de muito poder na estrutura política chinesa são os veteranos do partido.
Muitas vezes, eles exercem uma enorme influência sobre decisões e nomeações, mesmo quando oficialmente já não ocupam cargo algum.
O exemplo mais conhecido é o do ex-presidente Deng Xiaoping, que permaneceu como líder até mesmo quando detinha um posto menor na hierarquia chinesa.
Acredita-se ainda que foi ele, junto com outros líderes “aposentados”, – e não o Comitê Permanente do Politburo – que tomou as drásticas decisões de declarar lei marcial e enviar o Exército para reprimir os protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989.
Os ex-líderes veteranos também gozam de privilégios como guarda-costas de elite, casas especiais, secretárias, motoristas e acesso a documentos e informações confidenciais.
Para analistas, tudo isso é facilitado pela natureza “apadrinhadora” do sistema político chinês, em que membros da “velha guarda” fazem manobras para garantir que seus “protegidos” das novas gerações consigam lugares no Politburo ou em outros cargos importantes.
A China Hoje
Geografia
A China tem aproximadamente 9.572.900 km2 de área e é o terceiro maior
país do mundo. Em muitos aspectos, o desenvolvimento do país foi determinado
pela sua geografia. A China tem desertos, montanhas e bacias hidrográficas férteis,
assim como possui alguns dos pontos mais altos e mais baixos da Terra.
A maior parte dos recentes avanços econômicos ocorreram nas províncias
da costa leste do país, enquanto muitas áreas rurais do interior ainda vivem
na pobreza.
População
Com 1,3 bilhão de habitantes, a China possui 20% da população mundial. Mas regras rígidas e mudanças no estilo de vida têm feito a taxa de crescimento populacional cair. A maioria dos casais das grandes cidades está sujeita à conhecida “política do filho único”. Na zona rural, as famílias podem ter uma segunda criança se a mais velha for uma menina.
A China também está vivendo uma enorme corrente migratória interna, de pessoas que deixam o interior rumo às cidades da costa leste. Em 1950, a população urbana representava menos de 13% do total. Agora, está em 40%, e deve chegar a 60% em 2030.
Etnia
Os chineses han representam até 92% da população da China, que também abriga outros 55 grupos étnicos. Essas minorias em geral vivem nas áreas de fronteira.
O governo chinês enfrenta dois conflitos separatistas no oeste do país, com os tibetanos e os uighur. Além disso, uma onda de violência na província de Henan, em 2004, criou temores de que as relações entre os grupos minoritários e a maioria han se deteriorem.
Economia
Desde que o regime comunista decidiu abrir a China para investimentos estrangeiros, em 1978, o país se tornou uma das economias que mais cresce no mundo, além de estar entre as dez maiores.
Mas com as taxas de crescimento em cerca de 9%, alguns analistas alertam para um superaquecimento e para o fato de que o resto do mundo pode sofrer o impacto de possível recessão no país.
Nos últimos anos, a China também se tornou um gigante do comércio, conquistando o quinto lugar em exportações. O boom econômico, no entanto, trouxe ao país problemas sociais e na área de meio ambiente.
Pobreza
A China afirma que o número de pessoas pobres na zona rural caiu de 85 milhões, em 1990, para 29 milhões. Apesar disso, a maneira como o país calcula a pobreza é polêmica, e o Banco Mundial diz que esse número é muito maior.
O país está assistindo ao surgimento de uma nova classe de despossuídos – os pobres das grandes cidades. Isso se deve às demissões em massa nas estatais e à migração interna. O boom econômico também levou ao aumento da desigualdade de riquezas.
Meio ambiente
O crescimento econômico da China – e o aumento da demanda por energia – gerou um forte impacto no meio ambiente. Um relatório do Banco Mundial, de 1998, mostrou que 16 das 20 cidades mais poluídas do mundo ficam na China, que também é culpada por parte da poluição atmosférica no Japão e nas Coréias.
A China é o segundo maior emissor de gás carbônico (CO2) do planeta e, como é considerada uma nação em desenvolvimento, ainda não tem que respeitar as exigências de redução.
A água também é outro motivo de preocupação no país. Os rios do norte estão secando, uma situação atribuída ao uso abusivo de suas águas e à profusão de represas. Por outro lado, a urbanização é tida como culpada pelas recentes enchentes que assolam o país
Sociedade
A sociedade chinesa tem passado por profundas transformações nos últimos anos. Cada vez mais pessoas estão se mudando para os centros urbanos, deixando para trás seus costumes e seu estilo de vida.
Em muitas cidades, arranha-céus dominam a paisagem e marcas ocidentais conhecidas povoam shopping centers recém-inaugurados. A venda de celulares e computadores disparou, e estima-se que a China tenha 90 milhões de pessoas conectadas à internet – quatro vezes mais que em 2000.
Mas a modernização da China também torna visível um país cheio de contrastes, com milhões de pessoas à margem da prosperidade.
Mr. Bush Goes South (the Economist.03-03-07)
The United States and Latin America
Mr Bush goes south
Mar 1st 2007
From The Economist print edition
How America can win the battle for influence against Venezuela's Hugo Chávez
IF YOU are George Bush, the prospect of spending a week in Latin America must be appealing just at the
moment. How better to escape an unappreciative Congress and ungrateful Middle East? And if during the
Latin American tour he starts on March 8th Mr Bush bumps into the odd demonstration, so what? That
can happen anywhere nowadays.
Mr Bush cannot be completely relaxed in Latin America. The United States is locked in a regional battle
for influence with Venezuela's oil-intoxicated autocrat, Hugo Chávez. Yet the worst thing for Mr Bush to
do if he wants to win that battle is to talk too much about Venezuela on this trip: that would only puff Mr
Chávez up further, and attract the usual Latin grumbles about yanqui bullying. So it is excellent that Mr
Bush intends to spend most of his time in the region's three most populous countries, Brazil, Mexico and
Colombia.
Mr Bush has serious business to do at each stop (see article). Brazil is one of many countries in Latin
America that could supply the world with cheap ethanol if only the United States scrapped the tariffs and
subsidies that protect its own less efficient maize and sugar farmers. Colombia needs continued American
help against the cocaine gangs and the violence they spawn. In Mexico Mr Bush will have to talk about
immigration. Tighter security has made it much harder for Mexican workers to cross illegally into the
United States, but their labour is still needed and Mexico is still waiting for America to come up with a
way to let more enter legally.
If he offered more help on these fronts, Mr Bush could give Latin Americans the sense of partnership with
the United States that is missing at present. But to do so he will have to take some work home. For on
immigration and trade it is now Congress rather than the White House that holds the key to progress.
And although immigration reform still looks possible, the trade outlook is bleaker. The Democrats who
control Congress may in the coming months approve free-trade deals with Peru and Panama, but look set
to block one with Colombia because they are angry about revelations linking Álvaro Uribe's government
to right-wing paramilitary groups. Mr Bush needs to persuade Congress that that would be a mistake.
The revelations have come to the surface because of the growing vigour of democracy in the less violent
Colombia Mr Uribe has delivered. He deserves continued support.
Respect sovereignty, but speak up for democracy too
About sponsorship
Reuters
As for Venezuela, Mr Chávez is no friend of the United States (he calls it simply “the empire”) and seems
to enjoy the company of other anti-American demagogues, from Iran's President Mahmoud Ahmadinejad
to London's publicity-hungry mayor, Ken Livingstone. But if he poses a danger, it is to the rest of Latin
America, where his simplistic ideas are sometimes popular, rather than to the United States, which even
after the mid-term elections does not seem to be lusting for a “Bolivarian revolution”. By the same token,
it is the other governments of Latin America, rather than the United States, that are best placed to
counter his influence.
They have no right to interfere with his programme of nationalisation, however wrongheaded it may be,
or the rest of his economic policy: those things are the sovereign business of Venezuela. And it is a mere
three months since Venezuelans gave Mr Chávez a strong mandate in a pretty fair election. Yet his
neighbours should not allow the money and cheap oil Mr Chávez splashes around their region to stop
them from speaking out when he appears to be hollowing out democracy in a part of the world where it is
still fragile. Mr Chávez is promising to silence the main opposition television station. He has given himself
powers to rule by decree for the next 18 months and proposes to scrap the term limits in the constitution
so that he could stand for re-election indefinitely.
Brazil's Lula says that he quietly urges moderation on his Venezuelan counterpart, but there is no
evidence that this is changing Mr Chávez's direction of travel. If he continues on the same path, Latin
America's democrats will soon have to consider whether he belongs in their clubs. Mr Bush should
meanwhile concentrate less on what he would like the rest of Latin America to do to Mr Chávez and more
on what the United States can do for the rest of Latin America.
Stop helping Fidel
One of the biggest gestures Mr Bush could make would be to support moves to scrap the United States'
unfair and counter-productive trade embargo against Cuba, a country that no longer poses any threat to
the United States and whose people are now daring to contemplate what a post-Castro future might look
like. Slamming the door on closer economic co-operation in the Americas, whether inspired by
protectionism or ideology, is a gift to Mr Chávez and his supporters in other countries. If the United
States wants a hemisphere led by pro-market democrats, it should give the region's people every help
they need to work and trade their way to prosperity.
Mr Bush goes south
Mar 1st 2007
From The Economist print edition
How America can win the battle for influence against Venezuela's Hugo Chávez
IF YOU are George Bush, the prospect of spending a week in Latin America must be appealing just at the
moment. How better to escape an unappreciative Congress and ungrateful Middle East? And if during the
Latin American tour he starts on March 8th Mr Bush bumps into the odd demonstration, so what? That
can happen anywhere nowadays.
Mr Bush cannot be completely relaxed in Latin America. The United States is locked in a regional battle
for influence with Venezuela's oil-intoxicated autocrat, Hugo Chávez. Yet the worst thing for Mr Bush to
do if he wants to win that battle is to talk too much about Venezuela on this trip: that would only puff Mr
Chávez up further, and attract the usual Latin grumbles about yanqui bullying. So it is excellent that Mr
Bush intends to spend most of his time in the region's three most populous countries, Brazil, Mexico and
Colombia.
Mr Bush has serious business to do at each stop (see article). Brazil is one of many countries in Latin
America that could supply the world with cheap ethanol if only the United States scrapped the tariffs and
subsidies that protect its own less efficient maize and sugar farmers. Colombia needs continued American
help against the cocaine gangs and the violence they spawn. In Mexico Mr Bush will have to talk about
immigration. Tighter security has made it much harder for Mexican workers to cross illegally into the
United States, but their labour is still needed and Mexico is still waiting for America to come up with a
way to let more enter legally.
If he offered more help on these fronts, Mr Bush could give Latin Americans the sense of partnership with
the United States that is missing at present. But to do so he will have to take some work home. For on
immigration and trade it is now Congress rather than the White House that holds the key to progress.
And although immigration reform still looks possible, the trade outlook is bleaker. The Democrats who
control Congress may in the coming months approve free-trade deals with Peru and Panama, but look set
to block one with Colombia because they are angry about revelations linking Álvaro Uribe's government
to right-wing paramilitary groups. Mr Bush needs to persuade Congress that that would be a mistake.
The revelations have come to the surface because of the growing vigour of democracy in the less violent
Colombia Mr Uribe has delivered. He deserves continued support.
Respect sovereignty, but speak up for democracy too
About sponsorship
Reuters
As for Venezuela, Mr Chávez is no friend of the United States (he calls it simply “the empire”) and seems
to enjoy the company of other anti-American demagogues, from Iran's President Mahmoud Ahmadinejad
to London's publicity-hungry mayor, Ken Livingstone. But if he poses a danger, it is to the rest of Latin
America, where his simplistic ideas are sometimes popular, rather than to the United States, which even
after the mid-term elections does not seem to be lusting for a “Bolivarian revolution”. By the same token,
it is the other governments of Latin America, rather than the United States, that are best placed to
counter his influence.
They have no right to interfere with his programme of nationalisation, however wrongheaded it may be,
or the rest of his economic policy: those things are the sovereign business of Venezuela. And it is a mere
three months since Venezuelans gave Mr Chávez a strong mandate in a pretty fair election. Yet his
neighbours should not allow the money and cheap oil Mr Chávez splashes around their region to stop
them from speaking out when he appears to be hollowing out democracy in a part of the world where it is
still fragile. Mr Chávez is promising to silence the main opposition television station. He has given himself
powers to rule by decree for the next 18 months and proposes to scrap the term limits in the constitution
so that he could stand for re-election indefinitely.
Brazil's Lula says that he quietly urges moderation on his Venezuelan counterpart, but there is no
evidence that this is changing Mr Chávez's direction of travel. If he continues on the same path, Latin
America's democrats will soon have to consider whether he belongs in their clubs. Mr Bush should
meanwhile concentrate less on what he would like the rest of Latin America to do to Mr Chávez and more
on what the United States can do for the rest of Latin America.
Stop helping Fidel
One of the biggest gestures Mr Bush could make would be to support moves to scrap the United States'
unfair and counter-productive trade embargo against Cuba, a country that no longer poses any threat to
the United States and whose people are now daring to contemplate what a post-Castro future might look
like. Slamming the door on closer economic co-operation in the Americas, whether inspired by
protectionism or ideology, is a gift to Mr Chávez and his supporters in other countries. If the United
States wants a hemisphere led by pro-market democrats, it should give the region's people every help
they need to work and trade their way to prosperity.
Turn and Turn Again
Foreign policy
Turn and turn again
Mar 1st 2007 WASHINGTON, DC
From The Economist print edition
George Bush now wants to talk to the axis of evil.
ON FEBRUARY 27th Condoleezza Rice, the secretary of state, announced that America will talk to Iran and Syria about Iraq. To judge by the reaction in Washington, DC, this was an about-face like Big Brother's conversion of Eurasia from foe to ally in Orwell's “1984”. Last week Iran was still part of the “axis of evil” and Syria was nearly as bad. Now the administration thinks it can sit down with these energetic sponsors of terror and calmly discuss how to calm the mayhem in Iraq? And this only two weeks after America struck a deal with North Korea, the other surviving member of the axis of evil, offering it aid even before it shuts down its nuclear programme, with the promise of much more, not to mention diplomatic recognition, if it continues to oblige. Foreign-policy “realists” celebrated their triumph over those naively idealistic neocons: neoconservatives have denounced the North Korea deal with vigour, and think Iran should be intimidated, not courted.
Certainly, there has been a shift. Foreign policy has changed, and so have the players. Donald Rumsfeld, the defence secretary who thought Iraq could be democratised by force and on the cheap, has been shown the door. Dick Cheney, the hawkish vice-president, has seen his influence wane. Other leading hawks, such as John Bolton and Paul Wolfowitz, are gone. Ms Rice's more pragmatic star has risen, along with that of the new defence secretary, Robert Gates. But does this represent an ideological U-turn or merely a response to changing events?
One should not over-hype the change, says Anthony Cordesman of the Centre for Strategic and International Studies, a think-tank. It is not as if the administration never speaks with Iran and Syria. America has formal diplomatic ties with Syria, and its diplomats bump into their Iranian counterparts all the time at multilateral forums such as the UN. Besides, the administration still has no plans to sit down one-on-one with the Iranians or the Syrians: the talks will occur only in the context of a regional pow-wow of Iraq's neighbours, summoned by Iraq. And talking is very far from agreeing. The problem is not that either side fails to understand what the other wants. It is that they want incompatible things. Iran wants nuclear weapons and regional hegemony. American wants it to have neither.
Michael Rubin, an analyst at the American Enterprise Institute, a hawkish think-tank, thinks the shift is small in substance but symbolically important. He sees two dangers. First, Iranian diplomats might make a promise that another part of the Iranian regime might break, which would render further bilateral diplomacy impossible. Second, he thinks Iran is “dangerously overconfident”. Leaders in Tehran, few of whom have a feel for American politics, might misread the current anti-war rhetoric in Congress as a sign that America is now too weak politically to frustrate Iran's regional ambitions. That could prompt them to miscalculate and provoke a military clash. “The risk of a conflict with Iran has never been higher,” he says.
In recent weeks the administration has been saying harsh things about Iran. The evidence that the Iranians are arming and training Iraq's troublesome Shia militias is compelling, though it is unclear whether this has been ordered by Iran's supreme leader, Ayatollah Ali Khamenei, or not. Still, Mr Bush has sent an extra aircraft-carrier group to the Gulf and given American forces orders to capture or kill Iranian agents in Iraq.
Adding to the tension, on February 25th Seymour Hersh, a journalist at the New Yorker, published details of contingency plans for war with Iran. But Mr Cordesman says one should not read too much into that. America probably no longer has contingency plans for sinking Britain's Royal Navy, he says, but just about every other possibility is covered. Pentagon officials stoutly deny Mr Hersh's more scary allegations
Keeping everybody happy
Mr Bush's new foreign policy is probably best explained as a reaction to events. What he tried before in Iraq did not work, so he is trying something new. He also has to deal with a Democratic Congress that, if ignored, may tie his hands. Some Democrats want to cut off funds for the war. Others favour standing back and letting Mr Bush take all the blame. John Murtha, a close ally of Nancy Pelosi, the House speaker, foolishly revealed a plan gradually to place so many restrictions on how troops can be deployed that the war would become unwinnable. His party distanced itself from such tactics, which would incense patriotic voters, but has yet to agree on an alternative. Meanwhile, the (wafer-thin) Democratic majority in the Senate is still thinking about rescinding the authorisation for the Iraq war it voted on in 2002. Chatting with the Iranians might be intended as a painless way of mollifying Congress—but don't bet on it working.
Turn and turn again
Mar 1st 2007 WASHINGTON, DC
From The Economist print edition
George Bush now wants to talk to the axis of evil.
ON FEBRUARY 27th Condoleezza Rice, the secretary of state, announced that America will talk to Iran and Syria about Iraq. To judge by the reaction in Washington, DC, this was an about-face like Big Brother's conversion of Eurasia from foe to ally in Orwell's “1984”. Last week Iran was still part of the “axis of evil” and Syria was nearly as bad. Now the administration thinks it can sit down with these energetic sponsors of terror and calmly discuss how to calm the mayhem in Iraq? And this only two weeks after America struck a deal with North Korea, the other surviving member of the axis of evil, offering it aid even before it shuts down its nuclear programme, with the promise of much more, not to mention diplomatic recognition, if it continues to oblige. Foreign-policy “realists” celebrated their triumph over those naively idealistic neocons: neoconservatives have denounced the North Korea deal with vigour, and think Iran should be intimidated, not courted.
Certainly, there has been a shift. Foreign policy has changed, and so have the players. Donald Rumsfeld, the defence secretary who thought Iraq could be democratised by force and on the cheap, has been shown the door. Dick Cheney, the hawkish vice-president, has seen his influence wane. Other leading hawks, such as John Bolton and Paul Wolfowitz, are gone. Ms Rice's more pragmatic star has risen, along with that of the new defence secretary, Robert Gates. But does this represent an ideological U-turn or merely a response to changing events?
One should not over-hype the change, says Anthony Cordesman of the Centre for Strategic and International Studies, a think-tank. It is not as if the administration never speaks with Iran and Syria. America has formal diplomatic ties with Syria, and its diplomats bump into their Iranian counterparts all the time at multilateral forums such as the UN. Besides, the administration still has no plans to sit down one-on-one with the Iranians or the Syrians: the talks will occur only in the context of a regional pow-wow of Iraq's neighbours, summoned by Iraq. And talking is very far from agreeing. The problem is not that either side fails to understand what the other wants. It is that they want incompatible things. Iran wants nuclear weapons and regional hegemony. American wants it to have neither.
Michael Rubin, an analyst at the American Enterprise Institute, a hawkish think-tank, thinks the shift is small in substance but symbolically important. He sees two dangers. First, Iranian diplomats might make a promise that another part of the Iranian regime might break, which would render further bilateral diplomacy impossible. Second, he thinks Iran is “dangerously overconfident”. Leaders in Tehran, few of whom have a feel for American politics, might misread the current anti-war rhetoric in Congress as a sign that America is now too weak politically to frustrate Iran's regional ambitions. That could prompt them to miscalculate and provoke a military clash. “The risk of a conflict with Iran has never been higher,” he says.
In recent weeks the administration has been saying harsh things about Iran. The evidence that the Iranians are arming and training Iraq's troublesome Shia militias is compelling, though it is unclear whether this has been ordered by Iran's supreme leader, Ayatollah Ali Khamenei, or not. Still, Mr Bush has sent an extra aircraft-carrier group to the Gulf and given American forces orders to capture or kill Iranian agents in Iraq.
Adding to the tension, on February 25th Seymour Hersh, a journalist at the New Yorker, published details of contingency plans for war with Iran. But Mr Cordesman says one should not read too much into that. America probably no longer has contingency plans for sinking Britain's Royal Navy, he says, but just about every other possibility is covered. Pentagon officials stoutly deny Mr Hersh's more scary allegations
Keeping everybody happy
Mr Bush's new foreign policy is probably best explained as a reaction to events. What he tried before in Iraq did not work, so he is trying something new. He also has to deal with a Democratic Congress that, if ignored, may tie his hands. Some Democrats want to cut off funds for the war. Others favour standing back and letting Mr Bush take all the blame. John Murtha, a close ally of Nancy Pelosi, the House speaker, foolishly revealed a plan gradually to place so many restrictions on how troops can be deployed that the war would become unwinnable. His party distanced itself from such tactics, which would incense patriotic voters, but has yet to agree on an alternative. Meanwhile, the (wafer-thin) Democratic majority in the Senate is still thinking about rescinding the authorisation for the Iraq war it voted on in 2002. Chatting with the Iranians might be intended as a painless way of mollifying Congress—but don't bet on it working.
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