Principais momentos da história recente da China
1986-90 - A política de abertura do governo chinês permite maior investimento estrangeiro e incentiva o desenvolvimento de uma economia de mercado e do setor privado.
1989 - Tropas abrem fogo contra manifestantes acampados há semanas na Praça da Paz Celestial, em Pequim. Os manifestantes exigem o perdão póstumo ao ex-secretário geral do Partido Comunista Chinês (PCC), Hu Yaobang, que foi forçado a pedir demissão em
1987. O número oficial de mortes é 200. Uma onda de protestos da comunidade internacional resulta em sanções para a China.Jiang Zemin é nomeado secretário-geral do PCC, no lugar de Zhao Ziyang, que se recusou a apoiar a lei marcial durante as manifestações na Praça da Paz Celestial. A China ganha suas duas primeiras bolsas de valores, em Xangai e em Shenzhen.
1992 - A Rússia e a China assinam uma declaração reatando laços de amizade.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) classifica a economia chinesa como a terceira maior do mundo, depois dos Estados Unidos e do Japão.
1993 - Jiang Zemin substitui oficialmente Yang Shangkun como presidente.
Começa a construção da barragem para a usina hidrelétrica de Três Gargantas, com conclusão prevista para 2009. O projeto gera polêmica, pois, entre outras coisas, criará uma represa de 600 km de extensão, fazendo desaparecer dezenas de cidades e monumentos históricos.
1994 - A China suprime a taxa de câmbio oficial do renminbi (RMB) e, pela primeira vez desde 1949, estabelece uma taxa flutuante.
1995 - A China testa mísseis e organiza exercícios militares no Estreito de Taiwan, supostamente para intimidar o vizinho durante suas eleições presidenciais.
1996 - China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão se reúnem em Xangai e chegam a um acordo de cooperação para combater tensões étnicas e religiosas nos seus países, ficando então conhecidos como os "Cinco de Xangai".
A 'volta' de Hong Kong
1997 - Morre Deng Xiaoping, aos 92 anos. Manifestações violentas ocorrem em Yining e Xingiang. No dia do funeral, separatistas de Xingiang colocam três bombas dentro de ônibus em Urumqi, matando nove pessoas e ferindo outras 74.
Hong Kong, até então sob domínio britânico, volta ao controle da China.
1998 - Zhu Rhongji sucede Li Peng como primeiro-ministro e anuncia reformas, como reação à crise asiática e ao contínuo arrefecimento econômico.
Milhares de empresas estatais são reestruturadas por fusões, flutuação nos mercados de ações e falências. O governo anuncia planos para demitir cerca de 4 milhões de funcionários públicos.
1999 - 50º aniversário da República Popular da China, celebrado em 1º de outubro.
Macau volta ao controle da China.
A seita Falun Gong é colocada na ilegalidade por ser vista como uma ameaça à estabilidade nacional.
A Otan bombardeia a embaixada chinesa em Belgrado, Iugoslávia, complicando as relações da China com os Estados Unidos.
2000 - O endurecimento contra a corrupção é sinalizado com a execução de um ex-vice-presidente do Congresso Nacional do Povo, pela prática de suborno.
O Falun Gong continua a desafiar as autoridades e realizar manifestações.
Uma bomba explode e mata 60 pessoas em Urumqi, na província de Xinjiang.
Tensões com Taiwan
2001 - A China insiste para que os EUA não forneçam equipamentos anti-mísseis a Taiwan. Os EUA declaram que vão proceder com a venda, mas de só parte do equipamento pedido por Taiwan.
Março de 2001 - O governo chinês comemora o resultado de um megacenso, que aponta que a população do país cresceu menos que o previsto, prova da eficiência da "política do filho único" lançada nos anos 80.
Abril de 2001 - A detenção de um avião espião americano e sua tripulação após a colisão aérea com um caça chinês gera uma disputa diplomática entre a China e os EUA.
Junho de 2001 - Líderes de China, Rússia e mais quatro países da Ásia Central lançam a Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) e assinam um acordo para combater a militância étnica e religiosa, enquanto promoverm o comércio e investimentos. O grupo é formado quando o Uzbequistão se junta aos Cinco de Xangai (China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão).
A China realiza exercícios militares que simulam uma invasão a Taiwan, ao mesmo tempo em que as forças armadas da ilha testam a sua capacidade de defesa.
Julho de 2001 - O Comitê Olímpico Internacional anuncia a escolha de Pequim para sediar os Jogos Olímpicos de 2008.A abertura da economia Novembro de 2001 - A China é oficialmente reconhecida como membro da Organização Mundial do Comércio (OMC).
2002 (fev)- O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chega à China exatamente 30 anos após a visita do ex-presidente Richard Nixon, a primeira de um estadista americano ao país.
Junho de 2002 - A maior parte dos cybercafés da China são fechados, restando apenas poucos que funcionam sob um rígido regime de licenças. Três meses depois, os sites de busca americanos Google e Altavista são bloqueados pelo governo.
Julho de 2002 - Os Estados Unidos afirmam que a China está modernizando seu aparato militar com o objetivo de forçar a reunificação com Taiwan, mas o governo chinês diz que as medidas visam apenas a melhorar a defesa do país.
Novembro de 2002 - O vice-presidente Hu Jintao é nomeado presidente do PCC, no lugar de Jiang Zemin. Jiang é reeleito para o cargo de diretor do influente Comitê Militar do partido, responsável pelo comando das Forças Armadas.
2003(março) - O Congresso Nacional do Povo elege Hu Jintao para presidente da China. Ele substitui Jiang Zemin, que deixa o posto depois de dez anos.
Sars, Três Gargantas e o espaço
Março/Abril de 2003 - China e Hong Kong são fortemente atingidos pelo vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês), que, acredita-se, surgiu na província de Guangdong em novembro de 2002. Medidas rígidas de quarentena são tomadas para tentar conter uma epidemia da pneumonia atípica.
Junho de 2003 - A Organização Mundial de Saúde (OMS) declara que a Sars foi erradicada de Hong Kong. Dias depois, a entidade suspende a proibição a viagens a Pequim.
As comportas da barragem de Três Gargantas são fechadas para que a represa comece a encher. A essa altura, a construção da maior hidrelétrica do mundo já forçava a emigração de mais de 1 milhão de pessoas, num projeto então avaliado em US$ 25 bilhões.
Em um acordo histórico, a Índia reconhece o Tibet como parte da China, que, de seu lado, concorda em estabelecer uma rota de comércio com o país vizinho através de Siquim, uma região de fronteira que a China passa a aceitar como parte da Índia.
Julho/Agosto de 2003 - Cerca de 500 mil pessoas fazem uma passeata em Hong Kong contra o Artigo 23, uma polêmica lei anti-subversão. Dois altos funcionários do governo de Hong Kong se demitem e a lei é arquivada.
Outubro de 2003 - Lançamento da primeira missão tripulada chinesa ao espaço: o astronauta Yang Liwei decola a bordo do foguete Long March 2F.
2004(abril) - O Congresso aprova eleições diretas em Hong Kong em 2007.
Setembro de 2004 - O ex-presidente Jiang Zemin deixa o cargo de chefe do Comitê Militar do PCC, três anos antes do previsto.
Novembro de 2004 - A China fecha um acordo comercial histórico com dez países do Sudeste Asiático, num movimento que poderá colocar 25% da população mundial em uma zona de livre-comércio.
2005(Janeiro) - Morre o ex-líder reformista Zhao Ziyang. Ele se opôs à repressão violenta dos estudantes que protestavam na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989. Desde então, viveu em regime de prisão domiciliar.
Fevereiro de 2005 - Um avião fretado por turistas para as comemorações do Ano Novo chinês faz o primeiro vôo direto entre a China e Taiwan desde 1949.
Entenda como funciona o governo da China
Os homens mais poderosos da China são do Comitê Permanente Com 66 milhões de membros e o título
de maior partido político do mundo, o Partido Comunista Chinês (PCC) governa a China desde 1949,
sem tolerar oposição e geralmente reagindo de maneira polêmica em relação a dissidentes.
O partido exerce influência sobre vários aspectos da vida dos cidadãos chineses –do que aprendem
na escola ao que assitem na televisão, seus empregos, suas casas e até o número de filhos que podem
ter.Mas a China é governada de fato pelos nove homens que compõem o Comitê Permanente do órgão
político do PCC, o Politburo – este, por sua vez, um organismo com 24 membros eleitos pelo Comitê
Central do partido e que, além de assegurar a manutenção da linha do PCC, controla três outras importantes instituições – o Comitê Militar, o Congresso Nacional do Povo (o Parlamento) e o Conselho de Estado
(o braço administrativo do governo).Como não há eleição para o Comitê Permanente, chegar a ele é mais
uma questão de influência e apadrinhamento político. O funcionamento desse comitê é confidencial, mas alguns analistas acreditam que seus membros se reúnem com freqüência e muitas vezes discordam entre si
. É raro, no entanto, que essas discussões “vazem”.Os membros do Comitê Permanente também
distribuem entre si os cargos de secretário-geral do partido, primeiro-ministro, presidente do Congresso
Nacional do Povo e diretor do Comitê Central de Inspeção Disciplinária.Os novos membros do Politburo
são escolhidos após uma rigorosa triagem, em que são investigados o passado, as opiniões e a
experiência de cada candidato.
Congresso Nacional do Povo
Na prática, Congresso tem poderes limitados Segundo a Constituição de 1982, o Congresso Nacional do
Povo seria o mais poderoso órgão do Estado, mas na prática, ele funciona mais como um “aprovador” das decisões do PCC.Formado por quase 3 mil delegados eleitos pelas províncias, regiões autônomas, municipalidades
e as Forças Armadas. Cerca de 70% deles também são membros do PCC.Apesar de comparado com um parlamento nos moldes políticos ocidentais, o Congresso não é uma entidade independente, sem poderes concretos de modificar a Constituição nem criar leis.
O Congresso também “elege” o presidente e o vice-presidente do país, além dos presidentes do Comitê Militar e da Suprema Corte Popular. Mas, novamente, essas eleições são diferentes das que ocorrem no Ocidente, muitas vezes com apenas um candidato.
O Congresso controla ainda os principais órgãos judiciários da China, como a Suprema Corte Popular e a Suprema Procuradoria Popular, e suas representantes regionais.
Os militares
Outra entidade de extrema importância no governo chinês é o Comitê Militar, que possibilita ao PCC o controle sobre as Forças Armadas e seu arsenal nuclear.
Formado por onze membros, o Comitê toma todas as decisões relativas ao Exército Popular de Libertação, uma força de 2,5 milhões de homens. O Comitê também controla a Polícia Armada Popular, uma organização paramilitar.
Teoricamente, o presidente do Comitê é eleito pelo Congresso, mas na prática, o posto vai automaticamente para a figura mais poderosa do PCC, hoje o presidente Hu Jintao.
Os ex-líderes Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping se mantiveram no cargo mesmo depois de renunciarem a todos os outros, o que muitos analistas vêem como a prova de que essa é realmente uma posição de muito poder na China.
As Forças Armadas, no entanto, sofreram uma série de reformas em meados dos anos 80, perdendo influência sobre assuntos não militares no governo.
Conselho de Estado e governos locais
O PCC é o maior partido do mundo
O Conselho de Estado é igualmente importante na hierarquia política chinesa.
Trata-se do órgão que controla a máquina governamental, situado no topo de uma complexa rede de comitês e ministérios, e responsável por garantir que as políticas do PCC sejam implementadas a níveis nacional e regional.
O Conselho submete leis e medidas para a aprovação do Congresso e tem o papel de gerenciar o orçamento estatal.
O órgão também supervisiona os governos das 22 províncias, cinco regiões autônomas (entre elas, o Tibet), duas regiões administrativas especiais (Hong Kong e Macau) e quatro municipalidades (Pequim, Xangai, Tianjin e Chongqing).
Poderes ‘paralelos’
Membros do PCC que estejam sob suspeita de corrupção, má conduta ou rompimento com a linha do partido são observados de perto pelo Comitê Central de Inspeção Disciplinária.
Com as recentes reformas econômicas no país, a corrupção se tornou o principal dano à imagem do partido.
Conseqüentemente, a ofensiva contra os corruptos aumentou e o governo não tem negado abrir para a mídia a cobertura das punições, que podem incluir até execuções.
O Comitê é especialmente temido dentro do PCC, pois tem acesso privilegiado a informações, além de controlar redes de informantes e arquivos pessoais.
Muitos ‘protegidos’ de Jiang Zemin ocupam altos cargos
Outra fonte de muito poder na estrutura política chinesa são os veteranos do partido.
Muitas vezes, eles exercem uma enorme influência sobre decisões e nomeações, mesmo quando oficialmente já não ocupam cargo algum.
O exemplo mais conhecido é o do ex-presidente Deng Xiaoping, que permaneceu como líder até mesmo quando detinha um posto menor na hierarquia chinesa.
Acredita-se ainda que foi ele, junto com outros líderes “aposentados”, – e não o Comitê Permanente do Politburo – que tomou as drásticas decisões de declarar lei marcial e enviar o Exército para reprimir os protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989.
Os ex-líderes veteranos também gozam de privilégios como guarda-costas de elite, casas especiais, secretárias, motoristas e acesso a documentos e informações confidenciais.
Para analistas, tudo isso é facilitado pela natureza “apadrinhadora” do sistema político chinês, em que membros da “velha guarda” fazem manobras para garantir que seus “protegidos” das novas gerações consigam lugares no Politburo ou em outros cargos importantes.
A China Hoje
Geografia
A China tem aproximadamente 9.572.900 km2 de área e é o terceiro maior
país do mundo. Em muitos aspectos, o desenvolvimento do país foi determinado
pela sua geografia. A China tem desertos, montanhas e bacias hidrográficas férteis,
assim como possui alguns dos pontos mais altos e mais baixos da Terra.
A maior parte dos recentes avanços econômicos ocorreram nas províncias
da costa leste do país, enquanto muitas áreas rurais do interior ainda vivem
na pobreza.
População
Com 1,3 bilhão de habitantes, a China possui 20% da população mundial. Mas regras rígidas e mudanças no estilo de vida têm feito a taxa de crescimento populacional cair. A maioria dos casais das grandes cidades está sujeita à conhecida “política do filho único”. Na zona rural, as famílias podem ter uma segunda criança se a mais velha for uma menina.
A China também está vivendo uma enorme corrente migratória interna, de pessoas que deixam o interior rumo às cidades da costa leste. Em 1950, a população urbana representava menos de 13% do total. Agora, está em 40%, e deve chegar a 60% em 2030.
Etnia
Os chineses han representam até 92% da população da China, que também abriga outros 55 grupos étnicos. Essas minorias em geral vivem nas áreas de fronteira.
O governo chinês enfrenta dois conflitos separatistas no oeste do país, com os tibetanos e os uighur. Além disso, uma onda de violência na província de Henan, em 2004, criou temores de que as relações entre os grupos minoritários e a maioria han se deteriorem.
Economia
Desde que o regime comunista decidiu abrir a China para investimentos estrangeiros, em 1978, o país se tornou uma das economias que mais cresce no mundo, além de estar entre as dez maiores.
Mas com as taxas de crescimento em cerca de 9%, alguns analistas alertam para um superaquecimento e para o fato de que o resto do mundo pode sofrer o impacto de possível recessão no país.
Nos últimos anos, a China também se tornou um gigante do comércio, conquistando o quinto lugar em exportações. O boom econômico, no entanto, trouxe ao país problemas sociais e na área de meio ambiente.
Pobreza
A China afirma que o número de pessoas pobres na zona rural caiu de 85 milhões, em 1990, para 29 milhões. Apesar disso, a maneira como o país calcula a pobreza é polêmica, e o Banco Mundial diz que esse número é muito maior.
O país está assistindo ao surgimento de uma nova classe de despossuídos – os pobres das grandes cidades. Isso se deve às demissões em massa nas estatais e à migração interna. O boom econômico também levou ao aumento da desigualdade de riquezas.
Meio ambiente
O crescimento econômico da China – e o aumento da demanda por energia – gerou um forte impacto no meio ambiente. Um relatório do Banco Mundial, de 1998, mostrou que 16 das 20 cidades mais poluídas do mundo ficam na China, que também é culpada por parte da poluição atmosférica no Japão e nas Coréias.
A China é o segundo maior emissor de gás carbônico (CO2) do planeta e, como é considerada uma nação em desenvolvimento, ainda não tem que respeitar as exigências de redução.
A água também é outro motivo de preocupação no país. Os rios do norte estão secando, uma situação atribuída ao uso abusivo de suas águas e à profusão de represas. Por outro lado, a urbanização é tida como culpada pelas recentes enchentes que assolam o país
Sociedade
A sociedade chinesa tem passado por profundas transformações nos últimos anos. Cada vez mais pessoas estão se mudando para os centros urbanos, deixando para trás seus costumes e seu estilo de vida.
Em muitas cidades, arranha-céus dominam a paisagem e marcas ocidentais conhecidas povoam shopping centers recém-inaugurados. A venda de celulares e computadores disparou, e estima-se que a China tenha 90 milhões de pessoas conectadas à internet – quatro vezes mais que em 2000.
Mas a modernização da China também torna visível um país cheio de contrastes, com milhões de pessoas à margem da prosperidade.
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